terça-feira, 6 de setembro de 2011

A lenda dos Carvões de Ouro


Certo dia, entre a Quinta da Estrada e a da Fumadinha, uma mulher com um cesto de comida seguia o seu caminho para levar o almoço ao marido que andava a ganhar o dia.
Caminhava com passo brando mas determinado, pois a idade e o peso do cesto mais não permitiam, quando subitamente lhe surgiu de frente uma mulher de uma beleza deslumbrante, cuja vestimenta mais não era senão rendas e ouro.
A mulher estancou, sem saber de onde tinha saído aquela criatura, quando uma ideia lhe veio à cabeça: é moura!
A moura, pois realmente o era, indicou o cesto e pediu-lhe descaradamente:

– Dás-me da tua merenda?

Apanhada de surpresa e com medo que algum feitiço lhe caísse em cima, a mulher, com voz trémula, respondeu:

– Dou, sim.

Proferidas as palavras, a bela moura agarrou o cesto e deitou-se à comida, quase deixando a pobre trabalhadora sem côdea para trincar. Quando apaziguou o seu estômago, a rapariga falou o seguinte:

– Em paga pelo que me deste, toma lá estes cinco carvões. Mas tomacuidado, não os descubras, a não ser em casa.
Dito isto, a moura desapareceu tão depressa como tinha aparecido.
A mulher, incrédula e furiosa, agarrou nos ditos carvões e ficou a olhar para a cesta e para o jantar minguado. Maldizendo a sua sorte, deitou fora quatro dos cinco carvões; o outro lá ficou entre um naco de broa e a panela da sopa.
Continuou o seu caminho, levando a magra refeição ao marido, que se pôs a resmungar por não conseguir saciar o seu estômago.
Regressou a casa e quando ia para retirar os restos do cesto, reparou que no fundo, em vez do carvão, estava lá uma verdadeira pepita de ouro!
Atarantada por ter cometido tal estupidez, voltou ao lugar onde tinha largado os outros quatro carvões. Mas dos carvões ou do ouro nem um sinal.
Em seu lugar, encontrou a bela moura com cara de poucos amigos.

– Que vieste aqui fazer? – perguntou a moura.

– Vinha buscar o que aqui deixei…

– Malandra! Por causa da tua insensatez, deste cabo da tua riqueza e dobraste o meu encanto!

Posto isso, a moura desapareceu num piscar de olhos, enquanto a mulher chorosa ficou a lamentar a sua má fortuna.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Lenda da Cabicanca




   Há muito, muito tempo, a vila de Aguiar da Beira tinha uma igreja dedicada a S. Pedro, onde o povo regularmente se reunia para assistir à eucaristia.
   Os dias iam passando normalmente, com as pessoas entretidas com as lidas do quotidiano.
   Até que, certo dia, começou a ser visto um enorme pássaro a fazer o seu ninho na torre dessa mesma igreja. Como esta espécie era desconhecida na região, a população andava muito assustada, tendo mesmo deixado de frequentar a igreja. Algumas pessoas mais temerosas chegaram mesmo a pensar que isto era um sinal do fim do mundo!
   Assim, com o afastamento dos paroquianos da igreja de S. Pedro, o povo começou a construir uma nova igreja, onde ainda hoje os fiéis se reúnem para assistir à missa, dedicada a S. Eusébio, talvez por este ter sido muito persistente e devoto nas suas lutas, protegendo sempre os que nele buscavam consolo.
   Mas nem com a edificação da nova igreja os temores do povo se acalmaram.
   Sempre que a população via a horrível ave, que mais não era do que uma cegonha, as gentes da terra apontavam na direção do seu enorme bico e exclamavam:
   – Que bicanca, meu Deus, que bicanca!
   O povo foi vivendo este tormento até que um certo almocreve de Trancoso, de nome Martinho Afonso e com a alcunha de “Escorropicha”, resolveu a questão, mas não sem antes despejar pelas goelas abaixo uns
valentes copos de vinho.
   Ajudado pela bebida e sendo homem de alguma coragem, pegou numa espingarda e desferiu um tiro certeiro na “cabicanca”. A valente ave não resistiu e, ferida de morte, estatelou-se no chão, pondo fim aos temores do povo.
   Quanto ao Escorropicha, este tornou-se um herói, sendo recompensado com muita e boa pinga, como era de prever.
   Para que esta história nunca se perdesse, ela foi passando de boca em boca e os Aguiarenses acabaram por adotar carinhosamente a alcunha de “Cabicancas".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Formação em Medas

Formação no Novo Acordo Ortográfico


Publicado por Celine Cangueiro







Com a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico e para responder às dúvidas que ainda se impõem, a Escola promoveu uma acção de formação sobre as novas regras da Língua Portuguesa, no dia 11 de Maio.

A oradora Agostinha Monteiro, docente de Língua Portuguesa, iniciou a sessão com uma breve contextualização histórica sobre as reformas ortográficas da Língua Portuguesa de 1911 a 1990.

Seguidamente, foram abordadas as alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1990, nomeadamente, o novo Alfabeto da Língua Portuguesa, o uso de maiúsculas e minúsculas, a supressão gráfica de consoantes mudas ou não articuladas, as mudanças na acentuação gráfica e as alterações relativas à hifenização.



Os participantes tiveram ainda a oportunidade de desenvolver competências linguísticas através de exercícios e da análise de textos, podendo exercitar a nova ortografia.

Até 2015, decorre o período de transição, durante o qual, ainda se pode utilizar a escrita actual. No entanto, o novo Acordo Ortográfico entra em vigor no sistema educativo já no próximo ano lectivo 2011/2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012, em todos os serviços, organismos e entidades governamentais, bem como na publicação do Diário da República.



A iniciativa, organizada pela Prof. Idalina França, destinou-se a todos os docentes e não docentes, uma vez que, em qualquer profissão, existe a necessidade de escrita.

Ficam, abaixo, duas ferramentas úteis:



Conversor Lince;



Dicionário on-line.





Obrigada a todos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Colóquio "A Escrita no século XXI"

Dia 08 de Abril de 2011, pelas 16h, convido os meus amigos a aparecerem na FLUP para assistir a este colóquio onde participarei como oradora.

Aqui ficam algumas das questões que irão ser debatidas.

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO


COLÓQUIO NA FEIRA DO LIVRO


A ESCRITA NO SÉCULO XXI

Com a proliferação e banalização do acesso e uso da Internet, o advento e ramificação das redes sociais, a explosão dos blogues e sites que fomentam e publicam no espaço virtual os textos de milhentos autores, ganha acuidade a questão: o que significa escrever no século XXI?

A democratização do estado de autor – ainda há poucas décadas, um estado de alcance restrito e difícil – não contém em si o risco de “proletarização”, com a inerente diluição e quase desaparecimento da fronteira entre texto literário e não literário?

Ou esta democratização transporta em si novas virtualidades e veredas por onde a prática desse acto simultaneamente intimista e revelador – o escrever – se reinventará, deixando de ser uma ligação unívoca de um para muitos, mas uma rede de múltiplas linhas de duplo sentido, de muitos para muitos?

A importância da escrita

A Linguagem oral terá sempre como função fundamental, o estabelecimento e a manutenção das relações humanas, embora desempenhe outras funções importantes, sendo a informativa uma das primordiais. 
Por seu lado, a linguagem escrita é mais usada para o armazenamento de informações, factos e ideias.
Ao mesmo tempo, é uma importante ferramenta intelectual, já que torna possível uma maior elaboração de pensamento e das ideias, contribuindo para o denvolvimento social e cognitivo de cada ser humano.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Aprender a Escrever- mecanismos de estruturação textual



Escrever melhor resulta de um trabalho árduo.
Neste livro, para além de uma breve apresentação sobre o processo de escrita, podemos também reflectir sobre alguns mecanismos que ajudam a desenvolver essa competência.

Pode ser adquirido na Mosaico de Palavras, Fnac, Wook e em determinadas livrarias do país.

sábado, 26 de março de 2011

Imagens da Nossa Memória



Livro onde também participei, resultante de um concurso sobre fotos.

A Arte pela Escrita Três

Uma colectânea onde participei, em 2010, com o conto "Ser Clandestino".
Retrata as amarguras dos anos 60-70, onde a emigração clandestina era um o "sonho americano".

sexta-feira, 25 de março de 2011