Transcrevo, aqui, o conto.
Numa pequena aldeia, vivia um jovem
homem muito pobre, mas tão pobre que nada mais tinha senão os olhos para ver,
as mãos para colher e as pernas para caminhar.
Farto de viver nessa miséria,
decidiu consultar o Sábio da região para ver se mudava a sua sorte. Este, após
ouvir os lamentos do homem, disse-lhe:
_ Procura o tesouro e tornar-te-ás rico.
O Homem saiu cabisbaixo da casa
do sábio. Não sabia onde procurar o tesouro. As palavras do sábio tinham sido
bastante enigmáticas. Todavia, como nada tinha, decidiu partir para encontrar o
tesouro.
Na sua busca, atravessou todos os
países. Percorreu todos os continentes. Atravessou
todos os mares e oceanos. Conheceu todos os povos e tribos. Conviveu com gente de
todas as raças e idades, com as mais variadas crenças e ideias. Aprendeu tudo o
que pôde sobre as culturas por onde passou. As suas mãos aprenderam os mais
diversos ofícios e a sua língua saboreou os mais diversos alimentos. Dia após
dia, os seus olhos observaram todos os gestos, todos os afetos partilhados
entre os humanos, mas nunca encontraram o tesouro.
Passados alguns anos, regressou à
sua aldeia de mãos a abanar. Triste com a sua sorte, dirigiu-se, novamente, a
casa do Sábio.
Assim que transpôs a soleira da
porta, o Sábio perguntou-lhe:
_Que te traz por cá, novamente?
_Disseste-me que se encontrasse o
tesouro, tornar-me-ia rico. Percorri
o mundo inteiro e eis-me aqui, de novo, sem nada_ respondeu-lhe o homem triste.
_Olha bem para dentro de ti_
retorquiu-lhe o sábio_ Repara como agora és rico. Todas as tuas viagens, todas
as tuas descobertas, todos os teus encontros, todos os afetos partilhados… o teu conhecimento é o teu tesouro.
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