terça-feira, 5 de maio de 2020

Carpe diem

Participação da Autora Agostinha Monteiro na obra Quarentena – Memórias de um País Confinado, da Chiado Books

    CARPE DIEM

   Acordei, como todas as manhãs desde há um mês, sem o som do despertador. Já não preciso. Já não tenho de me levantar às 6:30.
    O sol nasce e timidamente espreita-me através das persianas que deixo propositadamente entreabertas.   Os seus raios acariciam-me suavemente o rosto. Gosto desta sensação. A natureza, calmamente, reconquista o seu espaço, o seu valor. Ouço os pássaros, do lado de fora da janela, a chilrear. Também reconquistaram a minha atenção, pois enchem o ar com os seus cantos, abafando os parcos ruídos das máquinas que foram obrigatoriamente ensurdecidos.
    Apesar de toda a angústia e medo que reina, sinto que há agora mais esperança para a Humanidade.
    Esta quarentena obrigou-nos a parar! Obrigou-nos a refletir e a darmos realmente importância ao que é essencial. Uns dedicam-se agora mais à família, outros voltam-se para Deus, outros, simplesmente, ganham tempo para eles próprios. Adiam-se projetos, adiam-se sonhos, mas não se adia a Vida.
  Há agora uma nova luta que une os povos e esbate as prioridades. Em união, procuramos desesperadamente vencer este vírus invisível, que nos corrói física e psicologicamente. Através de ações conjuntas, voltamo-nos para a verdadeira essência humana: VIVER, independentemente dos credos ou das diferenças sociais. Nisto, somos todos iguais!

    Multiplicamos os gestos humanitários, fazemos sacrifícios em prol da vida. Porque cada novo dia deve alimentar a esperança de poder viver plenamente.

    Carpe diem!